SHEDD, Russel P.
Adoração Bíblica: os fundamentos da verdadeira adoração. 2° ed. São Paulo: Vida
Nova, 2007, 208p.
O
Dr. Russuel Shedd é pastor e conferencista internacional. E tem dedicado a sua
vida com a educação teológica de ministros evangélicos principalmente do
Brasil. Onde nesses anos pôde ser professor de Novo Testamento em várias escolas
teológicas de São Paulo. É autor de inúmeras obras, entre elas, está: “A Oração
e Preparo de Líderes Cristãos”, publicadas por Edições Vida Nova ou Shedd
Publicações.
Este
livro visa instrumentalizar as pessoas a serem verdadeiros adoradores, pois
existe no presente século uma demanda muito grande de princípios errôneos sobre
a “Adoração” almejada por Deus. Nesse sentido, Shedd faz uma tentativa didática
e apologética com a intenção de destacar princípios bíblicos sólidos que o
adorador poderá seguir.
A
primeira preocupação do autor é definir e classificar a Adoração que Deus
Almeja. Na tentativa de definir este ponto, ele afirma “... que adorar a Deus
requer que aquele que se aproxima do SENHOR, para adorá-lo, guarde-se de uma
vida pecaminosa, indiferente aos seus mandamentos, porquanto sua adoração será
sem sentido; será uma falsa adoração, mesmo que os atos sejam completos”
(SHEDD, 2007, p.10). Sendo assim, Deus só estará satisfeito com o culto dos
verdadeiros adoradores.
O
autor declara que a adoração exige a demonstração concreta nas práticas e ritos
religiosos que a identifique nos seus contornos. Analisando as diversas formas
de culto existentes hoje, Shedd argumenta que elas medem apenas o lado exterior
dos adoradores, sendo que a atitude do coração é interior, onde muitas vezes
fica escondida da própria percepção do adorador. Para ele, Deus está em busca
da intenção do coração, mas do que com as formas de culto.
Embora
não faça muita distinção entre adoração e culto, ele define a primeira baseado
numa citação anônima feita por A. P. Gibbs como sendo “o transbordar de um
coração grato, impulsionado pelo sentimento do favor divino” e o segundo como
“... pôr os interesses em ordem bíblica as nossas prioridades” (SHEDD, 2007,
p.18).
Em seguida destaca outro
ponto importante, que é a essência do culto na Bíblia. Ele declara: “... Uma
adoração, que se realiza sem o objetivo de expressar e aumentar nosso amor por
aquele de quem, e por meio de quem e para quem são todas as coisas (Rm 11.36),
falha completamente. Deixa de ser culto a Deus, pois carece da essência, que é
o amor” (SHEDD, 2007, p.27).
Na
tentativa de aprofundar a questão, o escritor destaca a importância de três
aspectos para o culto verdadeiro: “Culto verdadeiro requer amor de todo o
coração” (SHEDD, 2007, p.28). Nesse sentido ele destaca a importância da
palavra hebraica (leb) “coração” que de certa forma representava o cerne do
intelecto e espiritual. Em seguida ele diz que “o culto verdadeiro requer amor
integral da mente” (SHEDD, 2007, p.32). E por último, ele declara que “o culto
verdadeiro requer todo nosso esforço” (SHEDD, 2007, p.34). Isso implica que o
adorador vai envolver-se com todas as suas forças de ação no processo de
adoração.
Depois
ele destaca os sentidos da adoração, e afirma que a adoração canaliza a
experiência religiosa, promovendo-a tanto interna, quanto externamente. Para
confirmar isso, Shedd diz que várias passagens da Bíblia proporcionam um
conjunto da adoração interior. Na sua visão “Elas são marcadas pelo sentimento
de amor e a busca de santidade. Outros textos... descrevem o culto oferecido a
Deus através de atos externos. Eles destacam o serviço religioso. Há também
outra porção de textos, que une a adoração exterior com a interior...” (2007,
p.40).
Para
o autor, a adoração assim como os esportes precisa de um preparo prévio. Ele
comenta a situação dos adoradores atuais referindo-se a conhecer que Deus lhes
tem como filhos, é mais importante do que qualquer auditório profissional. O
culto, diz ele, não tem como propósito fundamental agradar aos participantes,
mas direcioná-los a fazerem uma adoração plausível a Deus. Para ele, os
adoradores só alcançarão o seu objetivo se estiverem conscientes desse fator.
Para
o escritor, mesmo que o Novo Testemento não possua normas claras sobre o culto
almejado por Deus é importante examinar os princípios deixados pelos apóstolos.
Por isso, ele destaca Atos 42.42 como sendo um versículo que oferece um esboço
do que era composto o culto da igreja primitiva. Ele declara que a “Adoração, para
manter o padrão apostólico, deve se aprimorar no ensino, comunhão, celebração
da ceia e oração” (SHEDD, 2007, p.84).
A
adoração oferecida da forma correta a Deus, pelo Espírito terá efeitos que
beneficiarão ao adorador. O primeiro efeito destacado por ele é a segurança
pessoal; o segundo é a comunhão recíproca na família de Deus, e o terceiro
efeito é a busca pela santificação, onde nos momentos de falhas as pessoas
sentem-se incomodadas.[1]
Em
seguida ele acrescenta alguns exemplos de adoração. Para isso, ele usa os
próprios exemplos bíblicos, começando pelas palavras encontradas no salmo 96.
Esse salmo é dividido por ele em duas partes principais: O convite que o
salmista faz para a adoração, e a forma como se deve adorar. Logo depois, ele
usa grandes personagens bíblicos como Enoque e a sua forma peculiar de andar
com Deus (Gn 5.22-24), Jacó em sua luta com um homem divino, e a sua busca por
uma bênção. Outros citados também por ele foi Moisés, Isaías, Maria e sua
atitude de ungir os pés de Jesus.
No
entanto, para Shedd a adoração pode enfrentar obstáculos de atitudes que não
condizem com que Deus realmente quer. Um exemplo disso está na atitude de Caim
ao apresentar sua oferta a Deus (Gn 4.5). O fato de Deus não ter aceitado a sua
oferta é porque ele não se encontrava na condição requerida a um adorador.
Na
prática afirma ele, existem vários fatores causadores de obstáculos para uma
adoração em espírito e em verdade. Uma delas são práticas exteriores de cada
indivíduo misturada com o seu tradicionalismo. Outro destaque feito é o mais
conhecido de todos: o pecado não confessado. Para ele apenas reconhecer o
pecado não terá nenhum valor se ao mesmo tempo não for confessado.
No
último capítulo do seu livro, Shedd faz um contraste da adoração da igreja com
a adoração do Antigo Testamento. A nova visão que Cristo teve das práticas
judaicas acabou por separar a igreja neotestamentária da religião judaica
acrescenta ele. Embora isso tenha acontecido, é importante destacar que esse
rompimento deu-se mais em aspectos exteriores como sacrifícios, o templo e o
sacerdócio. Pois o mesmo ideal de adoração continuou a ser buscado. E homens
como Abel, Noé, Abraão que representavam o ideal de Deus na adoração
continuaram sendo vistos como exemplos da adoração verdadeira.
Essas
figuras exteriores antes requeridas por Deus passaram a ser algo interior no
coração do homem. Um grande exemplo disso é a nova forma que a igreja deu ao
templo. Ele passou a ser agora o próprio homem, ao invés de ser um espaço
físico destinado ao culto. Dessa forma os crentes passaram a ser seus próprios
sacerdotes, algo totalmente diferente da Antiga Aliança. Esse fator passou a
ser tão importante para os adoradores, que tornou-se um elemento fundamental na
adoração prática dos verdadeiros adoradores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta
obra apresenta-se muito bem sistematizada em capítulos e tópicos, facilitando
assim a compreensão do seu conteúdo. Outro aspecto de apresentação relevante é
o fato de conter um grande número de citações bíblicas e comentários de textos
em grego, porque isso acaba por deixar ainda mais claro o conteúdo da sua obra.
Todavia,
é limitada no que concerne um registro mais aprofundado dos problemas que
atingem a igreja brasileira acerca da adoração. Faltou mostrar onde a igreja
poderá chegar se não despertar para o que Deus realmente quer; e por último uma
conclusão consistente sobre os assuntos discutidos.
Algo
muito importante que faltou ser discutido é “qual o propósito das coisas que
acontecem no culto”. Leila Gusmão e Westh Ney tratando sobre o culto cristão
discutem muito bem esse assunto, quando destacam em um capítulo o tópico
“Celebrando a Deus com Canções”. Eles começam destacando logo no início do
capítulo um ponto com o seguinte tema: “Porque Cantar?”[2] Da mesma forma acredita-se que seria
importante ser destacado nesta obra o porquê de tantas expressões de adoração.
No
entanto, esta obra não perde o seu valor com estas pequenas reflexões críticas.
Por isso, recomenda-se ela para a academia teológica com fins de preparar
ministros, para que levem as suas igrejas a uma “adoração puramente bíblica”.
Os aspectos didáticos e objetivos com certeza enriquecerão os ambientes
acadêmicos, dando uma visão conservadora sobre a adoração que Deus almeja no
culto prestado a Ele.
[1] SHEDD destaca ainda mais três
efeitos da adoração, que são: Visão transformada, onde a sua mente começa a ver
as coisas segundo a visão divina. O outro efeito é a evangelização e o último a
preocupação com a alegria de Deus.
[2] SANTOS, Leila Cristina Gusmão
dos Luz e Westh Ney Rodrigues. Culto Cristão: contemplação e comunhão. Rio de
Janeiro: JUERP, 2003, 207p.
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